“A natureza sempre apresenta intrincadas estratégias para driblar as adversidades do meio ambiente e prover modos de sustento em tempos difíceis. Muitas plantas desenvolveram estruturas de armazenamento de água e energia para que possam crescer e florescer no momento oportuno; uma dessas artimanhas de sobrevivência é o bulbo”
PLATNAS BULBOSAS
O que é um bulbo?
ㅤㅤBulbos são num primeiro momento caules subterrâneos com gemas de brotação protegidas por catafilos, estruturas que são como escamas, ou por bases foliares que armazenam reservas energéticas sob a forma de amido e água. Sob um olhar mais atento fica claro que os bulbos não são apenas caules, mas um tipo diferenciado de estrutura que pode ser considerada uma cápsula de sobrevivência, pois além das reservas nutritivas o bulbo contém caules com gemas de brotação e primórdios de raízes. Um novo vegetal em embalagem compacta, protegido das intempéries e pronto para iniciar um novo ciclo.
ㅤㅤEm linhas gerais o bulbo possui formato esférico com a porção basal reduzida e achatada que é denominada prato, ponto de onde nascem as raízes; sendo a parte superior em formato de ogiva, o olho de brotação de onde saem as folhas e flores.
Quanto à estrutura básica os bulbos são classificados em três categorias:
- Escamosos: são os bulbos compostos por sobreposições de camadas, um exemplo típico é a Cebola (Alium cepa).
- Tunicados: são os bulbos compostos por vários bulbilhos em formato de dentes, unidos por um caule central, todo o conjunto é envolto por uma membrana protetora, o Lírio (Lirium sp.) e o Alho (Alium sp.) são exemplos desta categoria.
- Sólidos: são aqueles bulbos que não apresentam escamas ou bulbilhos e que são formados por uma única estrutura sólida de consistência semelhante à batata protegida por uma casca escamosa. Em geral este tipo de bulbo é mais achatado em comparação aos tipos anteriores. A Palma de Santa Rita (Gladiolus bizantinus) é a representante típica.
Quanto ao ciclo de vida as plantas bulbosas apresentam duas formas distintas:
- Bulbos bienais: nascem, crescem e completam seu ciclo reprodutivo em um período aproximado de dois anos com um período de dormência vegetativa no inverno. No final do segundo ano estes bulbos produzem sementes leves que são dispersas pelo vento; ao fim deste ciclo o bulbo original se desfaz no solo e seus descendentes nascidos das sementes são responsáveis pela continuação da espécie. A Cebola é um bulbo bienal.
- Bulbos perenes: são bulbos que vivem por vários anos e apresentam dois tipos de reprodução. O primeiro, clássico das plantas, a produção de sementes por meio das flores e sua dispersão no meio ambiente. O segundo constituí-se em um tipo de clonagem natural onde o bulbo original se divide ou dá origem a vários bulbilhos geneticamente idênticos que permanecem no solo e dão origem a novas plantas. Este método de dupla reprodução assegura de modo mais estável a continuação da espécie, uma vez que em épocas de estiagem muitas sementes não germinarão, mas os bulbos filhos estarão a salvo protegidos pelo solo. A tulipa é um bulbo perene.
Os arautos da natureza
ㅤㅤAlguns bulbos estão entre as floríferas que oferecem uma dimensão diferente quando cultivados em vasos e canteiros. Sua germinação irrompendo o solo, com flores e folhas, sugere o despertar da natureza, são os arautos que anunciam um novo ciclo na vida vegetal.
ㅤㅤOs bulbos mais delicados devem ser preferencialmente cultivados em vasos, exemplos são: Narcisos (Narcisus sp.), Jacintos (Hyacinthus), Junquilho (Freesia) e Tulipa miniatura (Tulipa sp.). Porém existem espécies robustas que ficam muito bonitas em canteiros formando maciços e agrupamentos, dentre os quais destacam-se: Agapanto (Agapantus africanus), Biri (Canna indica), Açucena (Hippeastrum) e Palma de Santa Rita (Gladiolus bizantinus).
Em algumas espécies de bulbos, primeiro nascem as flores, como é o caso da Amarílis (Amaryllis sp.) em outras as folhas que algumas vezes são muito ornamentais, como no gênero Crinum. A maioria dos bulbos apresenta vistosas flores em formato de campânula ou estrela.
ㅤㅤO mercado de plantas oferece uma série de bulbos “secos” à venda, embalados com as características da espécie, cor da flor, época e cuidados no plantio.Para o sucesso no cultivo é importante seguir o tipo de solo e profundidade de plantio à risca, assim como a irrigação e a luminosidade. A maioria dos bulbos não gosta de solo encharcado e preferindo os bem drenados e ricos em matéria orgânica, quanto à luz é importante garantir uma posição ensolarada ou com intensa luz indireta para que floresçam abundantemente.
ㅤㅤNa compra escolha sempre os inteiros e sadios, sem manchas escuras ou buracos. Mesmo que tenham recebido tratamento químico, podem apresentar traços de podridão. Verifique também a base de onde sairão as raízes e o ponto de brotação que deve estar firme e não amassado. Quanto maior o bulbo, mais encorpada será a planta e melhor será sua floração.
ㅤㅤCaso não se deseja o plantio imediato, os bulbos podem ser guardados na gaveta dos legumes na geladeira, por um período de até três meses. Algumas espécies podem ser plantadas em diferentes épocas dependendo de seu local de origem, os bulbos europeus de primavera como os narcisos (Narcisus sp.), por exemplo, se dão melhor no inverno brasileiro.
ㅤㅤOs bulbos devem ser desenterrados a cada três ou quatro anos, ocasião em que os filhotes formados podem ser separados para dar origem a outros grupos de plantas. Ao replantar qualquer bulbo é importante considerar que a maioria deles deve ser enterrada a uma profundidade equivalente ao seu tamanho. Assim um bulbo de 5cm de diâmetro deve ser coberto com uma camada de 5cm, pelo menos. Uma menor profundidade de plantio acarretaria numa florada ruim.
ㅤㅤDepois que as flores murcharem, espere que as folhas sequem naturalmente para desenterrar os bulbos. Não amarre as folhas, assim evita-se o risco de apodrecimento. A reunião das folhas impede que o bulbo armazene de forma apropriada os nutrientes necessários ao período de repouso.
Bulbos floridos o ano todo
ㅤㅤPor meio desta tabela prática podem ser escolhidos bulbos para o plantio e florescimento em diferentes épocas do ano. Os nomes científicos referem-se aos gêneros uma vez que as espécies possuem épocas de plantio e florescimento bem próximas.
