PEDRO MIWA

ÁRVORES BRASILEIRAS

As árvores representam o ponto culminante do reino vegetal; altivas e exuberantes são ponto de destaque em qualquer obra paisagística, belas e funcionais decoram o ambiente urbano e desempenham importantes papéis ecológicos.

A diversidade das árvores brasileiras

          Por ser um país de extensão continental e abarcar diversas zonas ecológicas, o Brasil, apresenta uma grande diversidade de árvores que espelham cada região e são marcadores indeléveis na paisagem. O nome da nação inclusive vem de uma árvore, o Pau-Brasil (Caeasalpinia echinata), contudo pela exuberante floração amarelo-dourada é o Ipê-amarelo, com várias espécies dentro do gênero Tebebuia, distribuídas por várias regiões desde a Mata Atlântica ao Cerrado Central, que detém o título atual de árvore símbolo do Brasil.

  A região norte, dominada pela Floresta Amazônica, é o lar dos gigantes arbóreos do Brasil sendo a Castanheira do Pará, a Sumaúma e o Mogno, algumas das mais conhecidas. Estas espécies têm em comum um tronco muito reto com os galhos que compõe a copa na porção mais alta como que coroando a árvore. São espécies conhecidas como emergentes e atingem alturas colossais com exemplares com mais de 50m de altura.

    O Nordeste por suas características de interior seco e litoral tropical produziu muitas espécies interessantes de árvores, sendo exemplos o Pau-Ferro comum no interior do Piauí e o Cajueiro freqüente em todo litoral. Na praia de Pirangi no Rio Grande do Norte, está o maior Cajueiro do mundo e uma das maiores árvores do Brasil. A árvore tem mais de 90 anos e sua copa por um processo natural de ramificação e mergulhia que gera novos troncos, abrange uma área superior a 7.000 m ² (sete mil metros quadrados). A Mata Atlântica do sul da Bahia apresenta a maior concentração de espécies de árvores do país, superando inclusive a Amazônia.

    O Brasil central é dominado pelo Cerrado e em meio aos arbustos de galhos retorcidos florescem algumas das mais belas árvores brasileiras, – os Ipês – com suas magníficas flores que podem ser amarelas, rosas, brancas ou arroxeadas dependendo da espécie. A maioria dos Ipês está completamente sem folhas quando floresce intensificando o efeito decorativo.

    A Serra do Mar na região Sudeste é o local natural onde podem ser vistas várias espécies de árvores, sendo que no final do verão ocorre a espetacular floração das árvores do gênero Tibouchina e Senna, conhecidas popularmente como Manacás, Quaresmeiras e Aleluia, tingindo o verde dossel das encostas com matizes delicados de lilás, rosa, branco e amarelo.

    O sul do Brasil apresenta regiões serranas onde o clima apresenta temperaturas mais amenas, neste ambiente encontramos a Araucária ou Pinho do Paraná uma das poucas árvores da família das coníferas originalmente brasileira que com seu porte majestoso é adotada como símbolo de várias cidades. A região sul também é o berço de belas árvores floríferas dentre as quais destacam-se o Jacarandá Mimoso de floração lilás e a Tipuana de floração amarela; o Chorão Brasileiro (Salix hulboldtiana) é uma outra espécie típica do sul, crescendo junto aos rios e terras úmidas.

    Algumas espécies de árvores brasileiras encontram-se em risco seja pela exploração ilegal de madeira, indústrias clandestinas de carvão vegetal ou desmatamento. O uso de espécies nativas em parques, praças e paisagismos particulares é uma importante ação na preservação de parte desta riqueza inestimável que são as árvores. 

Importância ecológica das árvores

As árvores desempenham uma série de importantes funções ecológicas que, às vezes, passam despercebidas ante ao observador que as contempla em um parque ou jardim. As funções ecológicas mais importantes desempenhadas pelas árvores são:

Melhoria das condições atmosféricas

As árvores criam manchas de sombra formando áreas onde a temperatura é mais amena e agradável que os locais expostos ao Sol pleno, verdadeiros oásis paradisíacos em meio ao caos das ilhas urbanas de calor. Para desempenhar suas funções metabólicas, as árvores transpiram, lançando vapor de água na atmosfera, são ótimas umidificadoras naturais e contribuem para tornar o ar agradável ao ato de respirar.

Auxílio no Sequestro de carbono

As árvores possuem troncos, galhos, folhas e raízes e para construir todos estes tecidos usam nada mais que água e gás carbônico (CO2). As árvores sob este aspecto podem se entendidas como equipamentos urbanos, verdadeiras usinas autônomas que diminuem o CO2 livre na atmosfera cedendo oxigênio e vapor d’água em contrapartida.

Desenvolvimento de micro-habitats

Com o desmatamento e a interferência do ser humano na natureza, um grande número de espécies de animais migrou para as cidades. Desta forma, torna-se importante o plantio de árvores nos jardins e parque públicos. Uma boa diversidade de árvores pode de fato transformar-se num ímã para pássaros, esquilos e pequenos micos. O uso consciente de árvores nativas pode converter um jardim ou praça num micro-habitat pulsante em vida.

Uso paisagístico das árvores brasileiras

Existem árvores brasileiras adequadas às mais diversas funções paisagísticas, o que deve sempre ser considerado é o porte final do exemplar escolhido e suas necessidades básicas, para que não ocorram problemas de adaptação e conflitos com equipamentos urbanos e edificações.

Árvores de grande porte

Devem ser preferencialmente utilizadas em parques, praças ou grandes espaços particulares como fazendas e sítios, são exemplares de grande beleza e impacto visual podendo ser plantados isolados ou em grupos uniformes ou mistos. Exemplos: Paineira, Tipuana, Pau-ferro, Jacarandá mimoso, Guapuruvu, Sibipiruna, Araucária e Jatobá.

Árvores de médio porte

Podem ser utilizadas nos locais anteriormente descritos e também em pátios e jardins particulares de residências. Deve-se prestar atenção aos afastamentos de muros e edificações para evitar danos estruturais recomenda-se um mínimo de 1,00m para os muros e 3,00 a 5,00m para as edificações. Exemplos: Ipê amarelo, Ipê branco, Eritrina coral, Quaresmeira e Novateiro.

Árvores de pequeno porte

Podem ser aplicadas nos usos anteriores e por seu porte podem ser utilizadas para o plantio em passeios públicos. Exemplos: Manacá da Serra, Aleluia e Suinã. Há também as árvores frutíferas, que existem em variados portes por esta razão é necessário pesquisar antes de plantar. São exemplares que além de bonitos fornecem saborosos frutos apreciados por pessoas e pássaros.

Para o meio ambiente é sempre mais favorável o plantio de uma espécie nativa, em caso de dúvida, antes do plantio, consulte um livro guia de botânica ou um profissional de paisagismo.