PEDRO MIWA

Folhagens Lineares

ㅤㅤPodemos definir uma folhagem como sendo linear quando suas folhas são de formato simples em fita ou laminar, estas folhas geralmente estão presas diretamente às raízes, formando plantas sem tronco ou com este muito reduzido.

ㅤㅤVisualmente criam a sensação de um tufo ou moita vertical de linhas retas e simples, podem ser descritas como campestres, uma vez que a maioria das plantas lineares utilizadas em paisagismo é originária de espaços abertos onde recebem a luz do sol e ondulam ao vento.

ㅤㅤSão plantas que apresentam uma beleza singular, elegante e por serem despojadas de atributos visuais excessivos combinam muito bem com o estilo das construções modernas e contemporâneas. Antigamente por sua simplicidade eram pouco utilizadas e seu cultivo era restrito, contudo este conceito foi mudando e hoje uma série de fatores e qualidades contribuem para o amplo uso das folhagens lineares, veja a seguir:

  1. Rusticidade: suportam muito bem vento, sol e leve falta de água;
  2. Cultivo: adaptam-se aos mais variados locais, são
    de fácil manutenção, dificilmente adoecem ou são afetadas por pragas;
  3. Variedade: hoje há no mercado uma série de
    espécies e suas mutações;
  4. Propagação: através da divisão de touceiras obtêm-se
    mudas novas e fortes, prontas para o plantio.
  5. Precocidade: a maioria destas plantas cresce
    rápido e dentro do período de 6 meses a 1 ano já estão praticamente do tamanho
    adulto.
  6. Floração: além das belas folhas muitas destas
    plantas produzem com uma certa regularidade um bom número de flores em variados
    tamanhos e com cores discretas.  

ㅤㅤA variação de alturas e cores entre as espécies favorece a montagem de arranjos paisagísticos visualmente harmoniosos com relação à homogeneidade da forma e do contraste de escala e cor. Estas plantas podem ser utilizadas criando grandes maciços ou conjuntos menores em pontos isolados, assim como, funcionar como elementos de transição entre as forrações baixas e as plantas arbustivas, as árvores e as palmeiras.  Também podem ser utilizadas em taludes e morrotes, ou dispostas às margens de lagos e tanques ornamentais, onde criam um visual despojado e naturalista. 

ㅤㅤA maioria das espécies, como o Fórmio e as Moréias, aceita muito bem o cultivo em vasos que devem variar em tamanho de acordo com o tipo de planta escolhido. Outras espécies estão sendo amplamente utilizadas, em vasos de pendurar, na elaboração de painéis vivos em muros e paredes, como é o caso do Capim do Texas e da Barba de Serpente.

Na sequência serão destacadas algumas de folhagem lineares mais comumente utilizadas no paisagismo:

FÓRMIO

De nome botânico Phormium tenax, é popularmente conhecido como imbira o que faz com que se pense que seja nativo. De fato o fórmio é natural da Nova Zelândia, do outro lado do mundo, onde cresce espontaneamente em campos e áreas próximas ao litoral. Possui bela folhagem em forma de espada, pode atingir até dois metros de altura, sendo mais comuns plantas com até 1,50m. Além da cor natural que é verde, pode ser encontrado nas versões variegata - verde com listas amarelas, e rubra – apresentando cor bordo avermelhada. Atualmente surgiu no mercado de plantas o mini - fórmio que é a versão ananicante da planta padrão raramente excedendo os 70cm. Também possui as variedades rubra e variegata. Planta robusta, o fórmio pode ser cultivado no jardim ou em vasos grandes, onde cria belo efeito visual. Raramente floresce, apresenta flores marrons alaranjadas dispostas em uma longa haste.

MORÉIAS

Sob este nome popular estão agrupadas várias espécies do gênero Dietes. É certo dizer que a moréia amarela (Dietes bicolor) seja a mais cultivada tanto pela beleza de sua folhagem verde escura, quanto pela profusa floração amarela clara. Forma tufos de folhas com até 80cm de altura. Outras moréias cultivadas são as de flores brancas sendo as variedades mais comuns, a moréia branca grande (Dietes grandiflora) que apresenta grandes e vistosas flores de textura acetinada semelhantes à flor de Liz, atingindo até 60cm de altura, e a moréia branca mini (Dietes iridioides) que apresenta porte baixo de até 45cm e flores pequeninas, com textura delicada e cor branco traslúcido.

CAPINS

Há uma gama de espécies de capins ornamenteis que se destacam pela rusticidade e facilidade de cultivo assim como pela beleza das inflorescências semelhantes a plumas que ficam bonitas por várias semanas. As espécies mais cultivadas são: - Capim dos Pampas, originário dos campos do Rio Grande do sul, de nome botânico Cortaderia selowana, forma uma delas touceira de até 3,00m de altura com espigas de floração de 4,50m por ser imponente e volumoso é indicado para espaços amplos. - Capim do Texas, originário do sul dos EUA, forma delicadas touceiras de folhas finas e arqueadas e belos conjuntos de flores plumosas que lembram as espigas de cereais como o trigo, existe a variedade de folhas verdes e espigas creme e a variedade de folhagem roxa e espigas rosadas. Fica muito bem em jardins rústicos e raramente excede 1,20m de altura.

A demanda por plantas mais rústicas e de fácil cultivo está provocando uma busca por novas espécies de folhagens lineares que possuam potencial paisagístico, capins ornamentais de origem asiática estão sendo introduzidos aos poucos e a dionela, originária da Tasmânia, que é semelhante a uma íris de folhas listadas já aparece em trabalhos de vários paisagistas.