ESTILOS PAISAGÍSTICOS
Diferentes estilos para uma mesma arte
ㅤㅤComo em outras formas de expressão artística no paisagismo há uma série de linhas estilísticas para se compor uma criação. Um ponto muito importante a ser considerado é a harmonia visual da composição paisagística e do entorno que a cerca, assim como as condicionantes culturais.
ㅤㅤAo se escolher uma determinada linguagem estética é importante que esta não se choque com a arquitetura, que sua estrutura, distribuição e escala criem um diálogo com os elementos edificados valorizando as diferentes perspectivas e a visão serial do conjunto.
ㅤㅤDesde muito tempo povos do oriente e ocidente desenvolveram linguagens paisagísticas próprias criando os primeiros estilos de composição. Dois estilos antigos, que retratam estas diferentes linguagens, são: – O estilo clássico europeu e o estilo japonês.


Neste estilo os arbustos sempre verdes são podados em formas geométricas ou como silhuetas de animais e representam o domínio da habilidade humana em domesticar e dar formas não naturais a certas plantas. Esta antiga arte ainda vive em muitos locais do mundo e designa-se topiaria.
ㅤㅤDesde muito tempo povos do oriente e ocidente desenvolveram linguagens paisagísticas próprias criando os primeiros estilos de composição. Dois estilos antigos, que retratam estas diferentes linguagens, são: – O estilo clássico europeu e o estilo japonês.
ㅤㅤO estilo clássico europeu vem da época do Renascimento, com objetivo de valorizar os complexos palacianos dos grandes monarcas da Europa do século XVI, sua escala monumental, seu desenho geométrico e marcado por uma simetria rígida, por vezes um labirinto ou rosácea composta por arbustos médios podados também fazia parte da composição. Neste estilo empregam-se predominantemente árvores coníferas como pinhos, cedros e tuias; árvores caducifólias como carvalhos, faias e plátanos, grandes canteiros com flores criando mosaicos e massas arbustivas.
Trazendo a elegância do passado e a serenidade do Oriente
ㅤㅤNo estilo clássico europeu também estão presentes fontes e espelhos d’água, estátuas, escadarias, passeios, assim como pátios secretos cercados por altos muros vivos onde a nobreza costumava confidenciar segredos e tramar planos. Este estilo eloqüente e pomposo possui uma estética rígida moldada por muito trabalho humano é uma expressão controlada da natureza com plantas que crescem de modo diverso ao natural, um estilo que demanda tempo em elaboração, maturação e manutenção.
ㅤㅤNa atualidade este estilo pode ser apreciado em vários países europeus, como no “Chateu du Versailles” na França, e ao redor do mundo junto aos prédios de inspiração clássica, como o Museu do Ipiranga em São Paulo. Por ser demasiadamente formal em sua linha de composição é um estilo que não harmoniza com arquitetura moderna ou com edifícios assimétricos e desprovidos de elementos neoclássicos ou art noveau.
ㅤㅤO estilo japonês é muito antigo e surge como o reflexo das filosofias xintoístas no modo de interpretar o mundo e organizar os elementos de forma a se obter um aspecto natural e sereno que leve a introspecção e a busca da verdade interior. Varia muito de escala desde a monumental em grandes templos e palácios, até a intimista dos jardins das casas de chá e das habitações das famílias; seu desenho é naturalista e marcado por sinuosidades e assimetria harmoniosa, por vezes lagos com peixes e tartarugas ou pequenos cursos d’água tomam parte na composição. Neste estilo alguns elementos são quase obrigatórios:

- As pedras, símbolos da eternidade, devem ser dispostas de modo a criar a sensação que sempre estiveram ali, dispostas em número impar 3, 5 ou 7 (números da felicidade);
- A água, contida em lagos ou correndo em arroios, deve ser usada para induzir à reflexão;
- As lamparinas de pedra, representam o espírito iluminado e são guardiões que espantam as trevas e o mal.
ㅤㅤNo estilo japonês são empregadas preferencialmente plantas daquele país, sendo que algumas espécies também carregam simbolismos. Os pinheiros japoneses são austeros e masculinos, as azáleas e camélias são suaves e femininas; as íris e a cananga representam o renascimento; o bambu é sábio, pois ante a tempestade se curva, reerguendo-se com a bonança; o ginkgo simboliza a iluminação de Buda e a nandina espanta os maus fluidos. Outras plantas como cicas, palmeiras de pequeno porte, samambaias e gramíneas, fazem parte da composição deste estilo. Por vezes existem composições formadas unicamente por pedras grandes, que simbolizam montanhas ou ilhas, dispostas sobre uma forração de seixos ou areia grossa; é o seco jardim zen.
ㅤㅤEscadas de pedras naturais, pontes de madeira e passeios suaves integram o conjunto paisagístico do estilo japonês.
ㅤㅤNeste estilo as plantas são agrupadas de modo a imitar a natureza com árvores protegendo arbustos de meia sombra, samambaias e musgos crescendo junto aos locais úmidos e corpos d’água. Quanto às podas não são dadas formas geométricas às plantas, estas são podadas de modo a controlar o crescimento se estão em locais pequenos.

ㅤㅤNo estilo japonês o respeito e a reverência pela natureza são uma experiência espiritual de reconhecimento, aprendizado e crescimento. Este estilo sutil e naturalista possui uma estética iniciada pelo homem e moldada pela natureza é uma expressão reorganizada da natureza com plantas crescendo de próximo ao natural, um estilo que demanda preciosismo na elaboração, tempo de maturação e manutenção simples depois de formado.
ㅤㅤNa atualidade este estilo pode ser apreciado em vários templos e palácios japoneses, como no Pavilhão Dourado de Kyoto, no Brasil pode ser visto em templos, residências de nipo-descendentes, restaurantes japoneses e espaços públicos como no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera e os Jardins da Igreja Messiânica de Guarapiranga em São Paulo. Apresentando estética naturalista e certa informalidade em sua linha de composição é um estilo que harmoniza com arquitetura moderna e pode ser empregado em variados pontos em diferentes escalas.
ㅤㅤDois antigos estilos forjados por ocidente e oriente, um busca o domínio humano sobre a natureza moldando-a de acordo com suas aspirações estéticas, o outro reverencia a natureza e procura reproduzir as fórmulas por ela criada em direção ao belo. Estilos tão diferentes que harmonizam de modo próprio o meio em que estão inseridos.