PEDRO MIWA

CACHEPÔS

História e usos

Nos séculos XVII e XVII, franceses e ingleses passaram a utilizar cachepôs feitos de porcelana, com elaborados desenhos esmaltados e por vezes ornamentados com filigranas de ouro e prata, de maneira a combinar com os estilos arquitetônicos e decorativos de cada época monárquica ou movimento cultural. Muitas vezes com objetivo de destacar ainda mais os cachepôs e dar mais volume e impacto visual, os artesãos e ceramistas criavam pedestais, também muito elaborados, que casavam esteticamente com os recipientes e com as decorações palacianas das moradias dos nobres.

No auge de sua popularidade, os cachepôs exibiam, às vezes, uma ornamentação exagerada. Algumas peças francesas da época, hoje expostas em museus, contam com altos relevos de nus artísticos mesclados com figuras de pássaros e peixes em uma profusão desnecessária.

Os cachepôs foram inventados, ao que tudo indica, para esconder os vasos simples e “muito feios”, que os decoradores consideravam “indignos e impróprios” para a decoração dos salões requintados. A palavra portuguesa cachepô vem do francês “cachepot” e significa literalmente, “esconde vaso”.

Os cachepôs tecnicamente mais elaborados contavam com uma saliência interna junto ao fundo, com cerca de 2,50 cm, que criava uma borda impedindo o vaso de tocar no fundo e criando um depósito para o excesso de água das regas que podia ser facilmente removido, evitando o encharcamento do solo e o consequente apodrecimento das raízes e da planta.

Cachepôs na Decoração Moderna: Uma Jornada pelos Diversos Materiais e Estilos

Com a chegada da era moderna veio a industrialização e a produção em larga escala dos bens de consumo; os vasos não fugiram a esta regra e com materiais de bom acabamento como o plástico e a fibra de vidro, popularizou-se o uso dos próprios vasos como elementos decorativos. Mas nada impede, ainda nos tempos de hoje, que os cachepôs sejam utilizados de modo a criar composições elegantes e que valorizem diversos ambientes; aliás, a oferta é vasta tanto em materiais como em modelos, bons exemplos são os belos cachepôs de aço, alumínio e vidro, materiais que espelham o desenvolvimento tecnológico e se harmonizam com a decoração contemporânea. Outros cachepôs modernos são os feitos em madeira e mdf, muitas vezes confeccionados sob medida para atender as necessidades especiais, ganhando nestes casos status de mobília. Àqueles que têm preferência ao rústico e despojado encontram nos modelos de bambu, ratam e fibras vegetais, belas opções que ficam bem tanto em ambientes de praia e campo como em ambiente urbano, descontraindo a decoração e trazendo um pouco da sensação de aconchego das fibras naturais.                

As vantagens do cachepô

As plantas em vasos encaixados em cachepôs podem ser facilmente removidas, se não estiverem muito viçosas ou quando atacadas por pragas e doenças, e após tratadas de modo adequado em local conveniente serem recolocadas no cachepôs. Até mesmo o caso de querer variar o tipo de planta e mudar a decoração faz do cachepô uma peça curinga.

Montagem do vaso

O fundo do cachepô pode receber uma camada de argila expandida ou outro material drenante com objetivo de não deixar o vaso em contato direto com o fundo do cachepô e melhorar a saúde da planta envasada. Outra alternativa, consiste no uso de suportes para vasos dispostos de modo similar e cumprindo a mesma função antes descrita.

Para que o vaso fique firme dentro do cachepô é conveniente preencher o espaço vazio entre a parede do cachepô e o vaso com algum material natural inerte como musgo seco do tipo sphagnum, casca de pinus, seixos ou materiais sintéticos como manta de bidim, perlon acrílico, plástico liso ou bolha. Quando o cachepô é do tipo velado, no qual não se vê o que está dentro, a melhor opção para preenchimento são os materiais sintéticos, já no caso dos cachepôs de vidro ou acrílico transparentes, é mais elegante o uso de casca de pinus, sphagnum ou seixos.

Harmonia na escolha

  • As espécies de plantas e os recipientes devem combinar entre si, e não devem destoar esteticamente do ambiente que estão decorando.
  • Evite cachepôs muito coloridos para plantas de padronagem forte. Reserve os recipientes de cores variadas para exemplares com belas folhagens lisas, a menos que você consiga espécies que possuam em suas flores ou folhas variegadas alguma cor ou tonalidade que combine com o cachepô.
  • Cada planta tem um estilo próprio derivado de seu porte, cor e formato. Um cachepô antigo ou uma cesta, ficam muito bem com uma planta mais “tradicional”, como as samambaias, algum tipo de palmeira ou folhagens simples como a jibóia.
  • Espécies que possuem folhagem com desenho bem definido como a falsa-seringueira, a cyca, ou plantas com folhas entrecortadas como a costela de adão e o cissus, ficam muito bem em recipientes com linhas modernas e limpas onde estas plantas ganham destaque.
  • Plantas de linhas retas como as dracenas, a lança, os cactos altos, a palmeira rapis e as bromelias, ficam particularmente bonitos quando dispostos em cachepôs de aço inox, alumínio e vidro, criando arranjos modernos e que acompanham um estilo “clean”.